sexta-feira, agosto 28, 2009

A nudez da superfície marítima






A nudez líquida e azul da superfície marítima permite-nos apreciar melhor, como pela primeira vez, a infinita exuberância da superfície da terra.


Versão II


A nudez líquida e azul da superfície marinha permite-nos apreciar melhor, como pela primeira vez,
a esplendorosa exuberância visível na face da terra

quinta-feira, agosto 27, 2009

Escrever na Biblioteca



O navio tinha uma óptima biblioteca e um conceito giríssimo: cada um podia levar os livros que quisesse ler e trazê-los (ou não) sem escrever nenhum papel a requisitá-los.
Noutros navios em que tenho navegado, ou há biblioteca mas não há livros, ou há livros num armazém onde podemos requisitá-los e não há biblioteca, que, aliás, que se está a perder por todo o lado.
Mas aqui era diferente: para uma empresa destas, pouco monta comprar livros, talvez em segunda mão, se alguém os roubar, mas talvez seja mais normal os passageiros oferecerem-nos, como foi o meu caso.

E vejam que lugar bonito! Posted by Picasa

Foto tirada pela Maria

segunda-feira, agosto 24, 2009

Navegar...

Nunca regressaremos definitivamente de nenhuma viagem
Há algo em nós que permanecerá para sempre na distância.
Posted by Picasa

domingo, agosto 23, 2009

Partir

Nunca regressaremos definitivamente de nenhuma viagem
Algo em nós permanecerá para sempre na distância.

(Sugestão: ouvir a música, nos vídeos ao lado, "Torna a Sorriento")

sexta-feira, agosto 21, 2009

É doce morrer no mar




Após uma noite como nunca tinha passado nenhuma no mar, em que adormecia de exaustão, deitada e acordava sentada com o balanço do navio, entre as Ilhas Canária e a Ilha da Madeira, em que era impossível não pensar na morte, ou por naufrágio ou de qualquer outra maneira, por uma questão, não tanto de medo, mas de associação de ideias, acordei de manhã a sonhar com um caixão feito de chocolate.
Os rebordos trabalhados que costumam ser de madeira eram de frutos silvestres e cerejas. Foi um sonho feliz, muito saboroso. Havia muita gente à espera de o comer quando fosse o momento oportuno.
Não se pode dizer que eu seja uma pessoa pessimista. Nem mesmo nos sonhos.

Esta frase "É doce morrer no mar" tinha-a relido na biblioteca do navio, no livro Mar Morto de Jorge Amado, pouco antes de me ir deitar.
Mas o sonho teve um sabor Zen, como quem vislumbra uma estranha e inesperada verdade.

P.S.: (Dias mais tarde, uma leitora deste blogue contou-me que tinha sonhado o mesmo sonho, ou outro parecido, depois de ler este texto).

terça-feira, agosto 18, 2009

Águas das almas






Foi daqui que muitos viram Lisboa pela última vez, ou mesmo o terreno da pátria, Lisboa ou outro.
A esta distancia das águas salgadas: as do mar e as dos olhos.










segunda-feira, agosto 17, 2009


sexta-feira, agosto 14, 2009

Koan

Sabem o que é um Koan? É um conto Budista Zen muito curto e que serve para meditar. Aqui vai um dos meus preferidos.

14. A Lua Não Pode Ser Roubada

Ryokan, um mestre Zen, vivia a mais simples e frugais das vidas em uma pequena cabana aos pés de uma montanha. Uma noite um ladrão entrou na cabana apenas para descobrir que nada havia para ser roubado.
Ryokan retornou e o surpreendeu lá.
"Você fez uma longa viagem para me visitar," ele disse ao gatuno, "e você não deveria retornar de mãos vazias. Por favor tome minhas roupas como um presente."
O ladrão ficou perplexo. Rindo de troça, ele tomou as roupas e esgueirou-se para fora.Ryokan sentou-se nu, olhando a lua.
"Pobre coitado," ele murmurou. "Gostaria de poder dar-lhe esta bela lua."

Há mais AQUI

terça-feira, agosto 11, 2009

As Minhas Peças de Teatro

Só hoje aprovei a versão definitiva da publicação das minhas peças de teatro. Se não fosse tão impaciente, seria sensato eu só dar a informação hoje pela primeira vez. Preferível até seria dar a informação daqui por um mês ou dois, quando já houver distribuição.
Mas a net é sempre uma boa surpresa. Maior à medida que o tempo passa. Nela, o tempo joga sempre a nosso favor.

segunda-feira, agosto 10, 2009

Os que nos enchem os dias

As pessoas que nos amam, ainda que sejam muitas, pouco valem
ao lado das pessoas que nós amamos, ainda que estas sejam poucas.

Devemos então agradecer, não àqueles que nos estimam,
mas aos que sabem fazer-se amar e que assim nos enchem os dias.

Nadinha

Se quiser ouvir algumas das minhas músicas preferidas, clique nos vídeos ao lado. São tês músicas e substituem-se entre si:
Lilly Marlene, de Marlenne Dietrich (e outra) - Não ver o 1º vídeo
Torna a Sorriento, por diversos cantores
Alfonsina e el mar

Respeito o silêncio. Clique só se lhe apetecer ouvir música. As letras estão no blogue.

domingo, agosto 09, 2009

Mar visto do Estoril


Estoril
Posted by Picasa

sexta-feira, agosto 07, 2009

Sá de Miranda: O Sol é Grande

Tendo acabado de escrever sobre Sá de Miranda e seu irmão, Mem de Sá, no blogue Terra Imunda, cumpro o prometido de aqui deixar um poema (um soneto) deste autor sobre a mudança. Agrada-me sobretudo o ser estranho. Senão, reparem: será que as aves morrem de calor, como é dito nos dois primeiros versos? Numa estação que costuma ser fria? E que quer dizer isto? Oiçamo-lo:


O sol é grande: caem co'a calma as aves,
Do tempo em tal sazão, que sói ser fria.
Esta água que de alto cai acordar-me-ia,
Do sono não, mas de cuidados graves.

Ó cousas todas vãs, todas mudaves,
Qual é tal coração que em vós confia?
Passam os tempos, vai dia trás dia,
Incertos muito mais que ao vento as naves.

Eu vira já aqui sombras, vira flores,
Vi tantas águas, vi tanta verdura,
As aves todas cantavam de amores.

Tudo é seco e mudo; e, de mistura,
Também mudando-me eu fiz doutras cores.
E tudo o mais renova: isto é sem cura!

quinta-feira, agosto 06, 2009

Ainda sobre o Mar: O Tumulto das Ondas

Descobri agora este livro, "O Tumulto das Ondas" de Mishima, numa das minhas estantes. Curiosamente, não me lembrava de o ter lido nem de gostar particularmente de Mishima.
Reli-o agora com grande prazer e entusiasmo.
Desde que me apaixonei pelo mar, tudo o que lhe diz respeito me fascina.
Fez-me lembrar um outro livro de pescadores, "Hans de Islândia" de Pierre Loti, de que também gostei, mas que é muito triste, ao contrário deste. Acho mesmo que alguns autores têm esse estigma: já sabemos que o livro vai acabar tão mal, mesmo antes de o termos lido, que nem apetece começar.
A mesma coisa, mal, tristeza, fim trágico, com um escritor italiano de que gosto muito se me abstrair desse senão, Giuseppe Verga. Em Portugal só é conhecido, desse autor, o título "Cavaleria Rusticana" de um dos seus contos, que deu lugar a uma ópera. O seu principal romance, "Os Malavoglia", já foi traduzido para português, mas há muito tempo, podendo ser encontrado em alfarrabistas.

Todos estes três escritores, como outros, me fascinam por irem buscar a simplicidade da vida dos pobres e ignorantes, logo eles, que estão longe de ser simples, pondo-nos em contacto com os elementos essenciais da vida humana, sem sofisticação nem disfarces.
O trabalho, o ócio, o amor, a amizade, a dor, a alegria, o prazer e enfim, nestes casos, a paixão pelo mar que é comum a quase todos os marinheiros e pescadores.

segunda-feira, agosto 03, 2009

Romances sobre o mar

Ao entrar numa livraria hoje em dia ficamos baralhados com tanto lixo: o mais vendido da Oprah, o mais vendido não sei do quê. Há um título que nos chama a atenção hoje, mas amanhã já não o vemos.
A solução para isto é voltar aos grandes autores do passado, que não estão expostos.
Lembrei-me agora de Joseph Conrad, um marinheiro cujos romances são sobretudo aventuras marítimas, tal como Melville.
Livros bons para ler à beira-mar, num navio, ou em vez do mar.
E baratos. Acabo de comprar o seu melhor romance, "No Coração das Trevas", por 12 Euros.
Acho que ainda só li deste autor Lord Jim e um chamado "The Rover", que talvez se traduza por "O Pirata", de que falei em Escrevedoiros.
Quanto a Melville, ou a Jack London... é só escolher.
Pena não haver, ou não ter havido, escritores portugueses que narrem aventuras marítimas. Como os gregos e os de expressão inglesa, com este Conrad que é ucraniano mas que escreve em inglês.
Pena que não tenham fugido para Portugal, mas que, inversamente, tenham fugido de Portugal, os escritores e demais artistas e demais seres humanos que foram perseguidos injustamente. Pela censura, por exemplo. Pela intransigência. Pela inveja.

sábado, agosto 01, 2009

Chuva de Verão

Após uns dias de sufocante e contínuo calor, acordo com um dia de aguaceiros. Chuva de Verão.
Não por acaso dormi tão bem e acordo tão alegre, num dia de recordações tristes.

Abro a janela que dá para a natureza: sinto o cheiro agradecido da terra
A alegria dos pássaros que cantam mais ainda do que o habitual

A névoa ocupa o espaço onde costumava estar a paisagem com árvores e casas
E o corpo agradece esta inesperada dádiva da água
A pele sentindo que regressa ao seu tamanho natural

Apenas lamento não ter acordado com os galos
Sabendo então que poderia continuar a dormir
Ouvindo a chuva a cair tranquilamente na nesga de telhado que fica ao lado da minha cama.