quarta-feira, abril 30, 2008

Para a andarilha

Dizem que cachaça é água
Cachaça não é água não
Cachaça vem do alambique
E a água vem do ribeirão

Pode-me faltar tudo na vida
Arroz, feijão e pão
Pode-me faltar _______(manteiga?)
Isso não faz falta não

Pode-me faltar o amor
Isso eu até acho graça
Só não quero que me falte
A garrafa da cachaça

Vindos do fundo da minha infância ou primeira juventude, aparecem-me estes versos todos na cabeça, letra e música, enquanto bebo uma caipirinha num bar do porto de Lisboa, vendo entrar os navios do grande oceano e partir outros, talvez para sempre.



Esta cantiga sempre me pareceu ridícula, mas isso foi antes de conhecer: 1º- O Brasil, 2ª- a caipirinha, inestimável contributo dos brasileiros para a alegria de viver (cachaça, açúcar de cana, lima e gelo picado).

Passo bem sem a cachça. Quanto ao amor, depois de o ter conhecido, concordo com a frase:
Pode-me faltar o amor/Isso eu até acho graça.

Talvez não seja o verdadeiro amor, mas quem é que conhece esse? Os românticos, os obcecados... os carentes... serão normais?!

2 comentários:

Anônimo disse...

Caríssima,

Tim-tim. Complementando suas letras, ao fazer o brinde, percebi que aqui no Brasil, o brinde com a danada da Cachaça, não bate-se no copo. Ergue-o, e oferece um biquinho (bocadinho) ao “Santo”, derramando no chão. Aliás, não me pergunte a que “Santo”, isso é pura crendice popular. A danada da cachaça, também têm a uma particularidade bem brasileira, ou seja, muitos nomes, ela é batizada conforme a região. Vamos lá, divirta-se: abre, abrideira, aca, aço, a-do-ó, água-benta, água-bruta, água-de-briga, água-de-cana, água-que-gato-não-bebe, água-que-passarinho-não-bebe, aguardente, aguardente de cana, aguarrás, águas-de-setembro, alpista, aninha, arrebenta-peito, assovio-de-cobra, azougue, azuladinha, azulzinha, bagaceira, baronesa, bicha, bico, birita, boa, borbulhante, boresca, branca, branquinha, brasa, brasileira, caiana, calibrina, cambraia, cana, cândida, canguara, canha, caninha, canjebrina, canjica, capote-de-pobre, catuta, caxaramba, caxiri, caxirim, cobreira, corta-bainha, cotréia, cumbe, cumulaia, danada, delas-frias, dengosa, desmancha-samba, dindinha, dona-branca, ela, elixir, engasga-gato, espírito, esquenta-por-dentro, filha-de-senhor-de-engenho, fruta, gás, girgolina, goró, gororoba, gramática, guampa, homeopatia, imaculada, já-começa, januária, jeribita ou jurubita, jinjibirra, junça, jura, legume, limpa, lindinha, lisa, maçangana, malunga, malvada, mamãe-de-aluana ou mamãe-de-aruana, mamãe-de-luana, mamãe-de-luanda, mamãe-sacode, mandureba ou mundureba, marafo, maria-branca, mata-bicho, meu-consolo, minduba, miscorete, moça-branca, monjopina, montuava, morrão, morretiana, não-sei-quê, óleo, orotanje, otim, panete, parati, patrícia, perigosa, pevide, pilóia, pinga, piribita, prego, porongo, pura, purinha, quebra-goela, quebra-munheca, rama, remédio, restilo, retrós, roxo-forte, samba, sete-virtudes, sinhaninha, sinhazinha, sipia, siúba, sumo-da-cana, suor-de-alambique, supupara, tafiá, teimosa, terebintina, tira-teima, tiúba, tome-juízo, três-martelos, uca, veneno, xinapre, zuninga.

abraços
Andarilha

Nadinha disse...

Tanto nome prova que a cachaça é uma instituição.
Dessas todas, a minha preferida é
"não-sei-quê". Talvez seja o efeito que dá essa ausência de nome.
Camões também definia o amor como "um não-sei-quê que nasce não sei onde"...